Olá a todos!
Mais um livro devorado por mim. Mais uma opinião sincera para vocês!
Desde que o livro Leite e Mel saiu em 2017 que tinha curiosidade em ler. Via imensa gente a publicar excertos nas redes sociais e inclusive a fazer dos textos legendas para as suas fotos. A curiosidade aumentava em mim. Seria o livro da Rupi Kaur tão maravilhoso para tanta gente estar rendida a ele?
No entanto, o tempo foi passando e ler Leite e Mel não era uma prioridade pelo que foi ficando para o fim da minha lista. Até que o encontrei a cheirar a novo e imaculado na Livraria Solidária Dèjá Lu em Cascais e decidi comprar e deixar de adiar a leitura.
Comecei a leitura esta semana e terminei na sexta-feira. Não é um calhamaço, não tem textos que ocupem mais do que duas páginas. Simplesmente, havia dias em que conseguia ler 20 páginas e no dia a seguir lia uma frase e sentia uma necessidade enorme de desistir da leitura. E ao longo do texto explicar-vos-ei o porquê.
O livro Leite e Mel é dividido em quatro partes a dor, o amor, a separação e a cura. Na parte da dor temos textos que falam de violação, de violência doméstica, de medos, de desgostos, pessoas que a magoaram, de sentimentos menos positivos da autora.
"se soubesse como era sentir-me segura teria passado menos tempo a cair nos braços de quem não me segura."
A parte dedicada ao amor é uma das minhas favoritas. Afinal quem não gosta de textos em que se aborde um dos sentimentos mais bonitos que o ser humano pode sentir?! No entanto, desengane-se quem acha que só se falar de amor entre casal. Fala-se de amor entre mãe e filha, entre os nossos pais, entre a família e claro aquele amor que todos sonhamos viver.
Poemas que me tocaram. Que me fizeram sonhar e sublinhar o livro quase todo! Que me fizeram olhar para a minha mãe de maneira diferente. Que me fez olhar para o amor de outra forma. Sempre com uma escrita tão simples, tão intensa e que nos toca. Enquanto lemos sentimos a Rupi a tocar no nosso coração.
"podes não ter sido o meu primeiro amor mas foste o amor que tornou todos os outros irrelevantes"
Digam-me se este poema não é tão simples de se compreender? Mas ao mesmo tempo intenso e que não nos deixa indiferentes?!
A terceira parte é a separação e esta foi a parte que mais me tocou. Talvez porque houve acontecimentos na minha vida ligados a uma separação que fizeram de mim a pessoa que sou hoje. E acreditem ou não mas os poemas desta secção fizeram abrir os meus olhos. Fizeram-me ver a luz. Quando algo de injusto ou não, nos acontece questionamo-nos porque é que nós fomos os escolhidos. Porque é que aconteceu a mim e não ao vizinho. O que é que eu fiz para merecer isto. Estarei errada? Aposto que não. Acredito que a dada altura já todos nós nos fizemos estas perguntas sem nunca obtendo resposta. Teimosa como sou continuei à procura das respostas impossíveis. E quando cheguei a esta secção do livro não esperava encontrar. Até porque não havia nada para encontrar. Percebi que o que tanto procurei estava dentro de mim! Sempre estivera, eu é que estava demasiado obcecada em procurar. Nesta secção a Rupi Kaur também conta como sobreviveu a separações. Como é que estas a deixaram. Vazia. Sozinha.
Esta foi a seçcão que me mostrou que o livro tinha muito para me surpreender. E a partir daqui li-o num sopro!
"eu tinha de me ir embora estava farta de deixar que me fizesses sentir tudo menos inteira"
A última parte...a cura. A cura que todos procuramos a dada altura da nossa vida. A cura que a Rupi Kaur encontrou e que partilhou connosco em Leite e Mel. E qual será essa cura? Simples. Amar quem nós somos. O nosso amor próprio é a nossa cura. De que vale amar outra pessoa se não nos conseguimos a amar? Porque é que exigimos uma dada forma de amar a uma pessoa se nem nós somos capazes de nos amar? Porque é que não aceitamos a natureza da mulher? Porque é que é tão feio e olhado de lado falar sobre a biologia do corpo feminino? Mas no entanto usá-lo para diversão já é espectacular! Estranho não? Nesta última parte, Rupi Kaur fala de amor próprio, do corpo feminino e mostra como temos de ter mais amor próprio para assim conseguirmos ser bem sucedidos, sermos amados e acima de tudo felizes e em paz com o nosso ser.
"tens de querer passar o resto da tua vida contigo primeiro"
A escrita de Rupi Kaur é simples e interessante. Os seus poemas são simples mas intensos. E salvo exceções nunca ultrapassa uma meia página. Às vezes são meras frases carregadas de sentimento. Referi que a escrita é interessante e quero alertar-vos para a pontuação que a escritora usa. Raramente usa pontuação. Deixando a entoação do poema à nossa escolha. Somos nós que decidimos se terminamos com exclamação, interrogação. Deixa o poema em aberto e à nossa mercê. Dando-nos a liberdade de fazer dos seus sentimentos, das suas angústias nossas. Fazendo da sua alma gravada com tinta e com palavras nossa.
Houve poemas que odiei e que me fizeram querer desistir da leitura. Houve outros que foi uma indiferença total e se não fosse os poemas que me fizeram sentir um turbilhão de sentimentos , certamente teria desistido da leitura.
No entanto, ainda bem que não fiz. Sinto-me bastante mais leve depois de ter lido Leite e Mel.
Numa classificação de 0 a 5, atribuí 3 a este livro. Acredito que é um livro que ou se ama ou se odeia. Eu tive um misto de ambos, daí a classificação não ser a mais alta. Mas aconselho-vos a ler. Vale a pena ler. É um livro que ajuda bastante na autoreflexão. Ajuda a refletir em quem nós somos e quem queremos ser. Deixa-nos mais fortes e mais capaz de enfrentar todos os dissabores que a vida nos traz.
Se quiseres comprar o livro Leite e Mel compra-o em Wook.pt
Termino deixando-vos um dos poemas que mais me apaixonou. Espero que também vos deixe apaixonados!
"não quero ter-te para preencheres as partes vazias de mim quero ser inteira sozinha quer ser tão completa que podia iluminar uma cidade inteira e depois quero ter-te porque os dois juntos podíamos incendiá-la"
Tenham boas leituras e não sejam devorados por livros!
Vemo-nos no próximo capítulo,
Mar.
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