Leitura com o apoio da Porto Editora
Olá, leitores!
Mais um livro devorado e desta vez um livro direccionado às crianças mas que acredito cegamente que deveria de ser lido por toda a gente.
Rui Zink traz uma pequena história que dentro de si contém uma enorme mensagem! Traz um tema que deveria de ser mais abordado de modo a que quem sofre da doença possa ser ajudado mas que quem vive com essas pessoas possa também saber como reagir, como agir. Refiro-me então à doença de Alzheimer.
Neste livro, Rui Zink dá-nos a conhecer um menino que adora ouvir as histórias do seu avô. É incrível como os avós têm o dom de nos cativar com as suas histórias de outros tempos e de quando eles também era crianças. E que nós absorvemos de uma maneira inexplicável. Ouvimos com atenção aquelas histórias de quando na escola se cantava o hino nacional. De quando os cadernos eram pequenos quadros de ardósia. De quando não existia televisão e quando existia era a preto e branco e tinha horário! De quando eles foram à guerra e nos contam como a sorte esteve do lado deles e os guiou de volta a casa. Rui Zink apresenta-nos este menino que ouve com atenção e admiração as histórias do avô e que juntos criam memórias, como passeios pela baixa de Lisboa até que um dia tudo muda.
O menino começa a notar que o avô deixa de se lembrar de certas coisas, o que o deixa intrigado. Quando os pais dizem que o avô está doente e que a doença não tem cura, este neto não se conforma e pensa em mil e uma maneiras de ajudar o avô. Cria mil e uma invenções até que se faz luz e a ideia-génio aparece. E é nesta altura que o nosso coração começa a apertar. Aperta porque começamos a imaginar que solução é que uma criança na sua inocência vai arranjar para ajudar o avô a recuperar a memória?
Quando a solução aparece ficamos completamente sem chão. Talvez porque nunca nos lembraríamos de tal coisa, ou só talvez porque apenas uma mente inocente arranjaria a solução mais simples mas eficaz para ajudar alguém que involuntariamente se esquece de quem o rodeio e de quem é.
A borracha que o avô tinha na cabeça iria continuar a apagar as memórias, mas o seu neto iria ser o seu lápis! Como? Desenhando todas as histórias que o avô lhe contara, todas as memórias de passeios e brincadeiras que tinham partilhado.
Rui Zink alerta-nos para um problema bastante sério e urgente em ser falado. Talvez não o façamos propositadamente, mas há tendência em "abandonar" estas pessoas. Para quê lutar por alguém que já não se lembra de nós ainda que sem culpa? Antes de darmos a luta como perdida devemos de esgotar todas as soluções mas, a mais fácil talvez seja fazermos com este menino e sermos os lápis destas pessoas. Escrever todas as memórias que estas borrachas teimam em apagar das pessoas. Alerta-nos para o facto de que apesar de estas pessoas deixarem de ser elas mesmas, nós continuamos a ser os mesmos. Continuamos a saber quem somos e quem essas pessoas são e o impacto que tiveram na nossa vida. Cabe a nós continuar presentes nas suas vidas, mostrar que não desistimos deles, que há coisas que uma doença não apaga.
Confesso que já li o livro há dois dias e ainda não consegui acordar do transe em que me deixou. Ainda tenho presente as ilustrações lindas da Paula Delecave, as palavras simples mas fortes do Rui Zink.
A história lê-se bastante depressa, não há grandes detalhes ou descrições, lê-se de uma só vez. Há páginas que têm apenas uma frase dando ao livro uma leitura bastante suave.
Confesso-vos que as minhas expectativas para este livro eram muito grandes e que foram todas superadas. Apesar de estar à espera de um livro com mais páginas e uma história mais elaborada, fiquei completamente rendida e de expectativas sem dúvida mais que superadas.
Uma história que deve ser lida e relida dos 8 aos 80 anos.
Agradeço à Porto Editora que gentilmente cedeu-me um exemplar e me proporcionou uma leitura maravilhosa e surpreendente
Termino, aconselhando-vos à leitura e relembrando-vos que:
Se na vossa vida têm alguém com uma borracha na cabeça, lembrem-se que vocês podem e devem ser os seus lápis.
Se ficaste curioso com O Avô Tem Uma borracha na Cabeça podes adquirí-lo em Wook.pt
Vemos-nos no próximo capítulo!
Boas leituras,
Mar
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